sábado, 23 de março de 2013

Salvem as vogais



Salvem as vogais

O que pode ser mais miserável do que uma pessoa faminta, sem teto, sem futuro, sem saúde? Sabemos que não são poucos os miseráveis do país, mas às vezes esquecemos da quantidade também imensa de miseráveis que está em nossa órbita, cuja barriga não está vazia, mas a cabeça, totalmente.

Acompanhei a transcrição dos chats que foram divulgados pela imprensa, para que se saiba mais sobre o que aconteceu com aquele rapaz que morreu num posto de gasolina, depois de uma briga. Lula nem precisava levar os ministros para o Nordeste para que eles conhecessem a pobreza extrema, bastaria que entrassem numa sala de bate-papo virtual. Miséria psicológica também atola um país.
Dependendo da escolha do assunto, é possível encontrar na internet conversas que fazem sentido, com frases que têm começo, meio e fim, mas na maioria das salas o que costuma rolar é um papo furado da pior qualidade, com altos teores de vulgaridade e agressividade.
Um bando de seres abreviados, tal como escrevem. Um miserê de dar medo. A fome de pão e leite tem que ser saciada com urgência, mas nossa miséria é mais ampla e se manifesta de várias maneiras, não só através da perda de peso e dos ossos aparecendo sob a pele. Miséria é perda de discernimento. Perda de amor-próprio. Perda de limites. Até perda de vogais: vc q tc cmg? Normal: códigos de internautas. Mas me diz se não é o retrato da penúria?

Eu vejo miséria por todos os lados, em todos os andares dos edifícios, dentro dos carros, fora deles, em portas de escolas e dentro delas, do lado de fora da nossa casa e também ali comodamente instalada, miséria espiritual, miséria afetiva, miséria intelectual, indigências que tornam o ser humano cada dia mais tosco e bruto. Eu sei que a vida é assim mesmo, que os tempos são outros, que não adianta vir com moralismo e com este papo de que a família tem que participar mais da vida dos filhos, nada adianta, o rio vai seguir correndo para a mesma direção. Eu sei. Mas não me conformo.

O alfabeto tem 21 consoantes, se contarmos o K, o Y e o W. E apenas cinco vogais. Perdê-las é uma metáfora da miséria humana. Cada dia abandonamos as poucas coisas em nós que são abertas e pronunciáveis. Daqui a pouco vamos apenas rugir. Grrrrrrr. E voltar para a caverna de onde todos viemos.

Martha Medeiros

sexta-feira, 8 de março de 2013

Vamos à luta, mulheres!



O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher.


Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.


Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women's Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.


Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as operárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan "Pão e Rosas", em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.


Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher".


Em 2013, mulheres continuam lutando para ter seus direitos atendidos, para trabalharem com dignidade, com respeito à pessoa humana, lutando por ambientes de trabalho saudáveis, que não produzam prejuízos à sua saúde física e mental.


As mulheres atuais não se curvam ao autoritarismo, nem se deixam subjugar; exigem consideração, sensibilidade, empatia e respeito, pois ninguém gosta de sofrer humilhação em seu ambiente de trabalho. É uma luta contínua. 

Não adianta comemorar no dia 8 de março e esquecer no resto do ano. O Dia Internacional da Mulher tem sua raiz, sua origem, no “direito a melhores condições de TRABALHO”. 

Não vamos esquecer que 130 mulheres morreram queimadas para defender esse direito. Portanto,  vamos valorizar o sacrifício feito por essas mulheres. Somos trabalhadoras, não escravas. Os 125 anos que nos separam da abolição da escravatura no Brasil não foram suficientes para enfraquecer a burocracia escravocrata. 

Faz-se necessário um programa para que  se ensine e se aprenda sobre as normas de boa convivência, nas relações de trabalho para proteger o subordinado e alertar a sociedade sobre este ilícito, tão antigo e onipresente, quanto cruel e silencioso.

Fonte: http://www.assediomoral.org/IMG/pdf/assedio_moral_no_trabalho_no_ambiente_de_trabalho.pdf
Imagens: http://followthecolours.com.br/wp-content/uploads/2015/11/olga-frase.jpg